Mudanças


Perceber cada detalhe das coisas à nossa volta, muitas vezes pode se tornar um exercício de total plenitude e atenção. Eu diria que esse pode ser um exercício quase terapêutico, se estivermos falando de um ponto de vista físico.

Durante a caminhada, essa terapia pode se tornar ainda mais benéfica se a aproveitarmos bem e não nos deixarmos distrair por pensamentos disfuncionais.

Fatos distantes, corriqueiros, lembranças fúteis ou percepções de “dejavu”, correntemente tentam nos desviar do processo de organização mental, mas se nos focarmos e tivermos a disposição de estarmos presentes no momento, poderemos ver como os detalhes à nossa volta podem ser preciosos e belos.

Nossos corações e mentes, por instantes, podem se conectar aos nossos passos e aumentar a nitidez daquilo que pode parecer apenas uma coisa comum, transformando o que quer que seja, em algo para além de nossa capacidade de explicação. Algo, no mínimo, interessante.

Nos tempos atuais, com todas as mudanças em curso na minha vida, mesmo fazer as mais simples observações parecem difícil, já que a falta da caminhada parece ter paralisado até minha capacidade de observação silenciosa.

Por ter que parar de caminhar pela manhã, eu parei todo o resto. Como se uma coisa estivesse colada à outra, simplesmente conectada como as pernas de um artrópode que só conseguisse se mexer se todas as suas outras conexões estivessem em perfeito estado. Só que não funciona assim, não é mesmo? Tudo está conectado sim, mas é preciso saber procurar outras formas de conectar coisas separadas, e é aí que entram algumas perguntas necessárias.

Porque sempre precisamos de algum estímulo para fazer aquilo que mais gostamos? Eu amo caminhar, então porque não posso me esforçar para que isso seja possível? Quais são as minhas prioridades? Os outros, minha família, eu, ambos?

E agora, enfim, entendo que começa uma nova caminhada: a busca de tempo para caminhar.

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