Enquanto há vida
Na minha utopia de vida, ninguém morre, sabe?! Sei lá, eu sempre espero que ninguém ao meu redor vá morrer.
Sempre acredito que vá viver eternamente. Não que eu acredite de verdade nisso, mas a vontade está sempre ali, maior
que a razão.
Felizmente ou não, para a vida em si, continuar em frente é justamente efetivar o desaparecimento de alguém para
que haja espaço para outrem.
É da vida, dizem. Mas deveriam dizer “é da morte”.
Mas sabemos que a utopia de todos é sempre reservada aos nossos próprios botões. É da nossa natureza sermos
egocêntricos, fazer o quê? Assim como os escorpiões, não conseguimos evitar.
Tá lá o morto estendido no chão, como dizia a música de Chico, mas ao passarmos por ele/ela, pensamos
automaticamente: “ainda bem que não é ninguém que eu conheço”.
Sempre tentamos preservar aqueles que nos são mais próximos, mais caros, sendo família de sangue ou não.
Sempre que pensamos em preservar alguém, pensamos em nossos entes queridos, lançando mão assim, de um
subterfúgio que, para o bem ou para o mal, preservou e trouxe a nossa espécie até aqui.
Não sou diferente, confesso. Mesmo tentando trabalhar isso todos os santos dias de minha vida, ainda caio na
armadilha de querer dos meus, que fiquem ao meu lado eternamente.
Ao caminhar hoje e sabendo o quanto estamos nos aproximando da morte dia-a-dia, tive a certeza de que é preciso,
urgente, trabalhar o desapego, pois, mais dia, menos dia, ela irá bater em nossa porta.
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