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Um novo caminho se desenha

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Imagem: ChatGPT   Um novo caminho se desenha. Aos poucos ele vai se consolidando como uma possibilidade interessante. Dificuldades se seguem, fios emaranhados, semáforos intermináveis, prédios e mais prédios... Mas a vida se desenrola plena, mesmo que não entendamos como. Sigo apreciando o céu e as novas árvores e plantas que encontro pelo caminho. Demorei bastante para querer seguir pelos novos espaços, mas parece que o tempo das dificuldades sempre me leva à busca por novas paragens, como que para meditar. Sim, meditar é preciso, mas é muito difícil quando os ruídos não querem cessar dentro de nós. Quando as matracas não param de falar em nossas cabeças, nos aborrecendo com problemas, horários, compromissos e uma série de outras coisas inúteis, fica complicado dar vazão ao silêncio. Mas se insistirmos em seguir, mesmo sentindo todas as dores e dissabores, acredito que, em algum momento a música cessa e o breu infinito de instala, fazendo com que apenas os outros sen...

Enquanto há vida

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  Hoje caminhei mais uma vez em solitude. Uma caminhada difícil e necessária para tentar desafogar um pouquinho a alma de seus anseios e medos. Na minha utopia de vida, ninguém morre, sabe?! Sei lá, eu sempre espero que ninguém ao meu redor vá morrer. Sempre acredito que vá viver eternamente. Não que eu acredite de verdade nisso, mas a vontade está sempre ali, maior que a razão. Felizmente ou não, para a vida em si, continuar em frente é justamente efetivar o desaparecimento de alguém para que haja espaço para outrem. É da vida, dizem. Mas deveriam dizer “é da morte”. Mas sabemos que a utopia de todos é sempre reservada aos nossos próprios botões. É da nossa natureza sermos egocêntricos, fazer o quê? Assim como os escorpiões, não conseguimos evitar. Tá lá o morto estendido no chão, como dizia a música de Chico, mas ao passarmos por ele/ela, pensamos automaticamente: “ainda bem que não é ninguém que eu conheço”. Sempre tentamos preservar aqueles que nos são mais próximos, mais caros...

Aranhas

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Emaranhadas teias se estendem por postes e árvores — não é possível deter os olhos sem notar as garrinhas tenebrosas. São escuras ou transparentes; grossas, fininhas; feias, belíssimas. Podem ser potentes ou singelas e frágeis; enormes ou ainda um simples anel em volta de um pequeno botão de flor. No entanto, ao olharmos com mais vagar, sem tantos preconceitos, podemos perceber o quanto são imprescindíveis à natureza — e, especialmente, ao mundo atual. As luzes da cidade, tão lindas após o pôr do sol, escondem-se durante o dia entre frestas de fios emaranhados pelo tempo e pela falta de paciência dos homens. Às vezes, é até sombrio caminhar pela cidade que, com tantos encantos, parece não merecer tal afronta visual. Mas esses aglomerados, que à primeira vista parecem horripilantes, são capazes de nos deleitar em contemplação. Um mundo dentro de um mundo, dentro de um mundo… O que mais me intriga no universo das aranhas é justamente essa capacidade de se esconderem de forma tão enge...

Dores

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Nada na vida é de graça. Sempre que recebemos alguma coisa, a vida, inevitavelmente, nos cobra o retorno. Da mesma forma, sabemos que tudo o que damos — ou desejamos — ao outro, de algum modo, sempre retorna para nós. Hoje, ao caminhar pelo mesmo trajeto de sempre, sentindo intensas dores articulares, pensei muito sobre isso. Será que nossas dores, na maturidade ou na velhice, são o acúmulo das nossas ações ao longo da vida? Será que as dores que, por bem ou por mal, impingimos a outras pessoas voltam para nos assombrar quando nos aproximamos do fim? Ou seriam essas dores o reflexo de todas as vezes em que maculamos nossa essência? Quando dissemos “sim” ao que, no fundo, queríamos recusar. Quando nos deixamos arrastar para lugares e sensações que não desejávamos. Quando sonhamos com algo grandioso, mas desistimos por parecer pouco rentável — ou por medo da reprovação dos nossos pares. Há muitas teorias — psicológicas, filosóficas, médicas e espirituais — para as dores inexplicávei...

Pelas Janelas da Memória

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De tempos em tempos, precisamos de um pouco de aconchego e, por que não, de um tantinho de conforto ao nos deslocarmos pela cidade. Moro num lugar cheio de andantes, mas, numa cidade barulhenta, de carros buzinantes e motos ensurdecedoras, às vezes é preciso deixar de lado o prazer de caminhar e ocupar, com dignidade, nosso lugar de direito no transporte público. É fascinante entrar num ônibus. Sim, eu gosto! Mesmo quando ele está cheio de pessoas estressadas e cansadas ou com o ar-condicionado quebrado em dias de calor escaldante. Sempre há a chance de se aconchegar perto da janela e observar o mundo passar lá fora, ligeiro, como num passe de mágica. E, mesmo quando se viaja em pé, há aquela sensação meio boba — mas divertida — de estar numa montanha-russa sem cinto de segurança e sem hora certa para parar. É só você, a sorte de contar com um motorista experiente e calmo, e a esperança de pegar um trânsito razoável. É sério! Pode ser bem divertido, se você não estiver com pressa — e...

Companhia

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Foto:chatgtp/Tili Caminhar em solitude faz bem pra alma — mas nem sempre pro coração. Há momentos em que seguir ao lado de quem amamos, com quem escolhemos partilhar a vida, merece um cuidado mais demorado, mais presente. Seguir juntinhos, rindo, fofocando a vida alheia, falando dos filhos e suas miudezas cotidianas... ah, isso aquece até o coração mais atolado em cinzas. Hoje caminhei com meu amor de alma. Meu confidente, meu par na vida — inclusive nas causas perdidas. Nos atrasamos na saída... e que bom! Porque a espera de um pelo outro já se fazia desejo antigo. Nossa rotina, tão espremida entre os afazeres mecânicos e as poucas horinhas roubadas para uma série ou um filme, pedia — não, gritava — por mais tempo de cultivo desse amor que anda meio negligenciado pelos atropelos da vida. Os tempos andam sombrios, é verdade. Fumaças tóxicas rondam. O ar, curto. As doenças que batem nas portas das famílias. As mudanças físicas que o tempo vai desenhando nos corpos. E aquelas po...

Olhos em trânsito

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É possível caminhar com os olhos? Hoje me peguei pensando sobre isso, quando furtivamente olhava pela janelinha do transporte que utilizei para me locomover até o trabalho. Tenho sentido muita falta de minhas caminhadas matutinas, sempre em observação ao derredor e aos acontecimentos e detalhes impagáveis com que me deparava. Apesar do pouco tempo, a nostalgia é imensa. Sinto muita falta da incrível sensação dos raios solares em minha pele, dos ventos raros e refrescantes em meu rosto, do movimento das árvores deixando cair sobre mim suas pequeninas folhas, e até do cansaço ocasionado pelo calor do pequeno esforço com os quase dois quilômetros. Mas as vantagens do transporte hoje são muito grandes para que eu possa me dar ao luxo de abrir mão dele, e realizar uma caminhada que poderá me custar um tempo bastante produtivo de trabalho. Então… Está tudo bem! Eu só preciso de adaptação, só isso... Enfim, hoje vi que é um exercício bastante interessante, mas que exige técnicas de co...