Por Inquietude

 

Imagem: ChatGPT

Meus dias andam inquietos —

o vento ruge em meus ouvidos

como um leão chamando o seu bando.

 

Meu coração decidiu doer nestes dias,

como se pressentisse um mal

que em breve deve chegar.

 

Caminho recolhendo as últimas flores

que os ipês derramam em despedida,

sentindo o clamor das árvores

pela chuva que chega —

pouco, ou quase nada.

 

Há um lado da caminhada

que me pede para seguir em frente,

sem hesitar diante do que virá.

O outro grita para eu parar,

para me render — sim, ao desespero.

 

As folhas que batem em meu rosto

vêm com o vento e as pequenas gotas da garoa

que teima em cair;

são espinhos em minha pele,

sussurrando que é hora de recolher,

de esperar.

 

Não há jeito fácil

de chegar ao fim dessa caminhada,

mas desejo que, ao menos,

as dores sejam menos insistentes —

que cessem enquanto tento

me concentrar nos passos

pelas ruas tão impermeáveis.

 

E então, quando sinto o sol e fecho minhas pálpebras por segundos

As lágrimas saem secas do infinito oco dos olhos de minha alma.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pelas Janelas da Memória

Enquanto há vida

Caminho se conhece andando