Caminho se conhece andando
Quando na infância, ao ir para a escola, eu sempre escolhia o caminho mais longo. Em uma época em que a segurança para uma criança pequena era razoavelmente garantida, eu caminhava distraída, imaginando fadas e gnomos, árvores falantes, onde moravam seres etéreos, até chegar à casa de uma amiguinha com quem terminava a jornada até o colégio.
Os anos passaram, e me tornei uma pessoa habilitada a dirigir um carro, mas as voltas do mundo me levaram por caminhos que quase sempre me permitiram, ou impeliram mesmo, a dispensar veículos automotores para continuar usando meus pés.
O tempo passou, minhas articulações começaram a reclamar do esforço, mas ainda persiste em mim a vontade de seguir a pé pela vida afora. Os ventos, os cheiros e principalmente as cores que se fixam na minha íris todos os dias, não me permitem ainda deixar de caminhar.
Flores e folhas, poeira e calor, suspenses e surpresas se impregam em minha alma coletora, como uma nódoa de planta, a cada passo que dou.
É muito bom repousar, sentada em um confortável assento, e seguir vendo a paisagem se movendo ilusoriamente pela janelinha. Gosto disso também, pois o mundo que capto pela íris me encanta com uma profundidade que eu nem sei explicar, mas a caminhada, sentir os pés destruindo ventos por onde passo, não tem preço.
Quando vou parar? Não sei dizer. Por mim, caminhava até o infinito, mas sei que um dia isso, como tudom na vida, vai terminar. Hoje, o que sei, e tenho certeza, é que a feira de quinta ainda aguça meu olfato e que, vez ou outra, em qualquer lugar que eunestiver, quase sempre vou preferir
ceder à caminhada.
Amo caminhar! e também espero fazer isso até meu corpo aguentar.
ResponderExcluirCaminhemos até o dia em que nossos corpos flutuem. Obrigada pelo comentário querida!
ExcluirAté a resposta é uma poesia <3 eu que agradeço por melhorar meu dia!
ExcluirQuerida, a vida é uma poesia. Gratidão você por vir aqui com palavras tão amáveis. Ótima final de seman!
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