Uma coisa de cada vez

 

Foto: Tili Oliveira

Quando se pode caminhar, a vida é bem mais fácil, mas quando se pode correr aí a conversa muda de nível.

Quando mais jovem eu amava correr. De criança eu fiz uma garotinha perspicaz e muito veloz.

Corria muito, tinha muita pressa pra chegar, em qualquer lugar que fosse.

Amava brincar de queimada, basquete, pega-pega, pular corda, tudo que envolvesse velocidade, cabelos voando na cara, ficar sem fôlego.

Levei o amor pela corrida até o ensino superior, e depois, quando mais velha, continuei correndo como forma de relaxar.

Quando num belo dia, jogando futebol, machuquei o joelho. Foi bem feio mesmo e nunca mais a corrida foi uma opção.

Desde então eu caminho. Às vezes rápido, vez em quando mais ligeira, mas quase sempre lentamente.

E, querem saber, a vida tem sido muito generosa, pois caminhar faz eu me encontrar com o meu verdadeiro eu.

Sem a velocidade nas pernas, precisei me adaptar. Primeiro aprender a respirar direito; depois segurar o impulso de acelerar.

Depois usar o tempo para perceber coisas que são impossíveis de perceber no cotidiano duro da vida...

E assim, passo a passo; absorvendo e entendendo uma pequena coisa de cada vez, aprendi a amar a caminhada.

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