Nada é somente aquilo que se vê


Foto: Divulgação



Parte de uma caminhada permanece apenas em nossa memória, a outra parte dela, nosso cérebro descarta descaradamente, preservando apnas as coisas que apreciamos. Mas o que será que acontece com aquilo que vemos e que não nos é agradável e que, por motivos que nunca saberemos com certeza, não queremos relembrar?

A vida em si é cheia de altos e baixos, como bem sabemos nós que estamos vivos. O que percebo é que, assim como um reflexo daquilo que escolhemos esquecer sobre o que acontece em nossa vida, parece que repetimos essa façanha em quase todos nossos feitos pela vida afora. Com a caminhada isso não é nenhum pouco diferente.

Acredito que o nosso estado de espírito no momento em que ocorrem nossas ações, influencia enormemente aquilo que nosso cérebro guarda com mais dedicação, fazendo com que despertem em nós os julgamentos que farão com que relevemos sempre antes de fazer qualquer coisa que seja e que nos remeta ao que aconteceu em determinado momento. Meio confuso né?!

Dias atrás, caminhando para o trabalho, sem muito prestar atenção no caminho que fazia e que já foi decorado pelo meu cérebro, despertei meu olfato para o fedor ao meu redor, o que impeliu meus sentidos a prestar mais atenção ao caminho.

Reparei que o chão estava repleto de fezes humanas misturadas com as de animais domésticos, uma verdadeira visão de alguma parte do inferno, caso ele realmente exista. Então, ao reparar melhor em alguns trechos, percebi um canteiro de pequenas flores roxas e amarelinhas crescendo prosperamente por um bom trecho de chão. Elas eram simplesmente lindas e maravilhosamente delicadas. Tive muita vontade de me abaixar e sentir o odor delas. Será que tinham cheiro?

Ali, naquele banheiro a céu aberto, numa avenida de uma região dita nobre, percebi que o belo e o feio se misturam. Os cheirosos e os fedorentos podem viver em plena harmonia. As percepções humanas podem ser iludidas em plena luz do sol. Nada é mesmo permanente, como dizem os budistas, nem mesmo um cheiro que se encaminha para nossas narinas pelo vento.


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