Braços e abraços
Variantes de toques singelos, os abraços são encontrados em poucos pontos de uma boa caminhada.
A vida que segue — e se entrelaça em nossos cabelos desalinhados, em caminhos apressados que vêm e vão — nem sempre dá as mãos, nem abraça aquele que se aproxima.
Assim, abraços longos de enamorados, palmas espraiadas umas nas outras e dedinhos que se tocam com delicadeza acabam por nos tirar do foco da caminhada, apenas para roubar de nós um olhar furtivo lançado aos seus autores.
As meninas, pequenas, amam dar-se as mãos. Crianças lindas, de inocência ilibada — ou mesmo aquelas já tocadas pelo mal — mantêm firmes os desejos de serem tocadas: por suas mães, avós ou por outras crianças. Enterneço-me com seus olhares assustados, mas felizes, ao me verem sorrindo para elas.
Enamorados grudadinhos, seguindo juntos rumo a seja lá onde for, demonstram no olhar o desejo de mudar de direção e irem para algum outro canto, para curtirem juntos aquele momento indelével.
Abraços de idosos, vemos com mais frequência. Avós, quase sempre com seus netos: duas pontas de uma mesma cepa tentando se alcançar, trocando muitos afagos e beijinhos nas bochechas.
Mas os abraços mais doces e sinceros estão sempre reservados aos seres de quatro patinhas. Gatinhos e cachorros de estimação recebem os mais demorados e ternos aconchegos, retribuídos com lambidas e manifestações de alegria sempre contagiantes.
Nós, humanos, somos estranhos, não somos? A vida nos oferece a oportunidade de nos conectarmos — ainda que por breves momentos — e, por vezes incontáveis, adiamos essa chance. Ai de nós!
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