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Foto:chatgtp/Tili
Caminhar em solitude faz bem pra alma — mas nem sempre pro coração.
Há momentos em que seguir ao lado de quem amamos, com quem escolhemos partilhar a vida, merece um cuidado mais demorado, mais presente.
Seguir juntinhos, rindo, fofocando a vida alheia, falando dos filhos e suas miudezas cotidianas... ah, isso aquece até o coração mais atolado em cinzas.
Hoje caminhei com meu amor de alma. Meu confidente, meu par na vida — inclusive nas causas perdidas.
Nos atrasamos na saída... e que bom! Porque a espera de um pelo outro já se fazia desejo antigo.
Nossa rotina, tão espremida entre os afazeres mecânicos e as poucas horinhas roubadas para uma série ou um filme, pedia — não, gritava — por mais tempo de cultivo desse amor que anda meio negligenciado pelos atropelos da vida.
Os tempos andam sombrios, é verdade. Fumaças tóxicas rondam. O ar, curto. As doenças que batem nas portas das famílias. As mudanças físicas que o tempo vai desenhando nos corpos. E aquelas pontadas agudas — decepcionantes — que certas pessoas próximas nos causam. Ardemos os olhos... mas seguramos o choro.
Porém, por alguns instantes hoje... tudo isso se dissipou.
Ali, no transporte público, lado a lado, sorrindo cúmplices, respiramos.
Te amo, meu amor. Tudo isso vai passar. E, quando não pudermos mais sorrir, que ainda possamos “andarilhar” por aí, lado a lado.
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